Iniciação na Tradição de Quimbanda Nàgô
COVA DE CIPRIANO FEITICEIRO
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CONTEXTUALIZAÇÃO
A Quimbanda é um culto ctônico-nigromântico brasileiro; trata-se da genuína feitiçaria nigromântica nascida e desenvolvida em território brasileiro a partir da ancestralidade miscigenada de três povos ou culturas, isoladas e segregadas no contexto da diáspora nas Américas: os africanos (bantos e yorùbás), os europeus e os aborígenes ameríndios, em dois momentos ou fases distintas: i. do período colonial até 1950, a primeira fase e; ii. de 1950 até os dias de hoje, a segunda fase. A Quimbanda nasce, portanto, do entrecruzamento mágico da religiosidade e ancestralidade dessas três correntes no que se definiu como cultura afro-brasileira.
Após a síntese de Aluízio Fontenelle inicia-se a segunda fase da Quimbanda no Brasil, marcada pelo nascimento de inúmeras vertentes, que surgiram também em três momentos e contextos culturais diferentes.
Vertentes de Primeira Onda (1950-1970):
As chamadas vertentes tradicionais são àquelas que derivam do tronco tradicional de Quimbanda, e são derivadas diretas da síntese promulgada por Aluízio Fontenelle na década de 1950, quando os Exus da Macumba carioca foram «definitivamente» sincretizados com os demônios (i.e. espíritos ctônicos) do Grimorium Verum, um manual franco-italiano de feitiçaria fáustico-diabólica do Séc. XVIII. São as vertentes de primeira onda as mais antigas e, portanto, as genuinamente tradicionais: Quimbanda Nàgô, Quimbanda Mussurumim, Quimbanda Malê, Quimbanda de Almas etc.
Vertentes de Segunda Onda (1970-1990):
Com a expansão das vertentes tradicionais nascidas da Macumba carioca na região Sudeste do Brasil, começaram a aparecer as vertentes derivadas dos Candomblés baianos e o Batuque gaúcho. São as vertentes de segunda onda: Quimbanda de Angola e Almas, Quimbanda de Cruzeiro e Almas, Quimbanda de Mussifin, Quimbanda de Angola etc.
Vertentes de Terceira Onda (2000-2020):
São as vertentes novas, que flertam com a magia-psiúrgica
moderna, derivada direta do renascer da magia que ocorreu a partir da escola
inglesa de magia em 1875, e tradições reconstrucionistas contemporâneas como o
luciferianismo, thelema e o satanismo brasileiro que operava nas penitenciárias
de São Paulo na década de 1990. São as vertentes de terceira onda:
Quimbanda Xambá, Quimbanda Luciferiana, Quimbanda Kongo, Quimbanda Kongo-Luciferiana
etc.
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A FÓRMULA MÁGICA
Sendo a Quimbanda um culto ctoniano, sua fórmula mágica de deificação da alma é a catábase, a descida ao Mundo Inferior, o Submundo ou Inferno, o mundo dos mortos. Na Quimbanda é o papel do Mestre-Iniciador levar o adepto até os Portões do Submundo, onde ele se encontrará com seu Exu tutelar, que o guiará pelos círculos concêntricos do Inferno, o Reinado do Chefe Império Maioral, o Diabo, para de lá sair (anábase) com sua alma deificada como um Exu ou Pombagira.
Essa é uma antiga fórmula mágica da magia, já conhecida no Mundo Antigo desde o Séc. VIII a.C. – e talvez antes – como goécia: a comunicação com espíritos tutelares dos mortos para fins de magia e mancia. i.e. divinação. Encontramos essa fórmula mágica na Grécia antes da formação da pólis, em inúmeras culturas aborígenes como as da Austrália, Polinésia e África. No que concerne a cosmovisão tradicional da Quimbanda, essa fórmula mágica está demonstrada na dikenga, quando essa jornada pelo Submundo se inicia ao imergir nas águas da Kalunga para o mundo dos ancestrais.
A deificação da alma na Quimbanda é, portanto, uma
opus nigra, e seu destino no pós-vida será estar junto a grande horda de
guerreiros da armada do Diabo. O encontro com o Diabo, quer dizer, o pacto com
o diabo pessoal, o Exu tutelar, é o início dessa jornada iniciática as
profundezas, que será coroada com a conquista da deificação da alma.
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A QUIMBANDA É FEITIÇARIA
A família Cova de Cipriano Feiticeiro transmite a corrente mágica da Quimbanda sem qualquer perspectiva ideológico-política. A Quimbanda é uma força mágica manipulável por meio das técnicas de feitiçaria e comunicação com espíritos. Qualquer pessoa pode aprender a manipular essa corrente mágica, uns com mais facilidade, outros com menos; uns com mais aptidão, e outros com menos. Nossa família não é igualitária! Tem um ditado na Quimbanda que diz: chora menos quem pode mais. Quem pode mais é uma referência óbvia aos mais aptos, mais fortes e que melhor se adaptam as circunstâncias difíceis da existência corpórea.
Os requisitos fundamentais para admissão a Quimbanda em nossa família são: honra, força (coragem), resiliência e lealdade. A falta de qualquer uma dessas virtudes implica em alta traição, expulsão (exílio mágico) e a retirada dos àṣẹ recebidos.
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DOS GRAUS HIERÁRQUICOS
A corrente mágica da Quimbanda transmitida pela família Cova de Cipriano Feiticeiro ocorre dentro de uma estrutura de quatro graus iniciáticos:
Grau 0° - Probacionista
O Probacionista é àquele que buscou pela iniciação em nossa família e foi aceito no Grupo de Estudos Probatórios. Ao Probacionista é apresentado um programa de estudos, que implica avaliação de conhecimentos no seu término. É permitido uma estada de apenas nove meses no Grau de Probacionista. No fim do período probatório, após terminar o programa de estudos e ter sido aprovado na avaliação final, o Probacionista pode passar pela cerimônia de batismo e tornar-se um Noviço, Grau I°.
Grau I° - Noviço (Batizado)
Após encerrar o período probatório e ter passado pela cerimônia do batismo, o Noviço começa uma jornada de exploração magística pelos Reinos da Quimbanda através dos cruzamentos, onde ele irá adquirir familiaridade com os Exus da Quimbanda e prestará devoção integral ao Chefe Império Maioral e ao seu Exu tutelar. Esse é um período de adaptação e adequação as forças mágico-ctônicas da Quimbanda.
Grau II° - Kimbanda (Iniciado)
Tendo se adaptado a força mágica da Quimbanda, o Noviço é aceito no ritual de iniciação; é a partir desse momento que ele estará vinculado a Quimbanda e ao seu Exu tutelar por meio de um pacto demoníaco. A partir deste momento inicia-se a jornada catabática do Kimbanda, que buscará no processo de desenvolvimento mediúnico e magístico se aproximar e criar vínculos permanentes com o seu Exu tutelar.
Grau III° - Nganga (Sacerdócio)
Tendo recebido todos os àṣẹ requeridos ao sacerdócio, e tendo apresentado aptidão sacerdotal, o Kimbanda torna-se um Nganga, i.e. um Sacerdote da Quimbanda, podendo oferecer serviços magísticos em nome da Quimbanda Nàgô.
Grau IV° - Táta ou Mameto (Mestre)
Tendo recebido todos os àṣẹ requeridos a maestria,
e tendo demonstrado a aptidão, a honra e a lealdade necessárias, o Nganga
torna-se um Táta Nganga, i.e. um Mestre de Quimbanda. Tendo adquirido
com a maestria a autoridade e autorização espiritual, o Táta Nganga pode
iniciar outros adeptos na Quimbanda.
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O CULTO DO DIABO
Em nosso sistema prestamos reverência ao Deus da Quimbanda: o Chefe Império Maioral, o Diabo na forma dos três Maiorais de Quimbanda, os arqui-demônios do inferno que compõem a Trindade Satânica ou (ou Opositor): Lúcifer (sincretizado com Exu Lúcifer), Beelzebulth (sincretizado com Exu Beelzebuth) e Ashtaroth (sincretizada com Pombagira Rainha das Sete Encruzilhadas). Esses três arqui-demônios, os Maiorais de Quimbanda, desde os grimórios da tradição fáustico-cipriânica da magia, estão associados os princípio ígneo e dinâmico de individuação (Lúcifer), a força criativa masculina solar (Beelzebulth) e a força receptiva feminina lunar (Ashtaroth), indicando a operação alquímica da morte e renascimento espiritual. Os Maiorais de Quimbanda são Forças Primordiais presentes na terra e que antecedem a vida humana. Não se tratam de deuses esquecidos como muitos postulam, pois suas máscaras deíficas aparecem de formas distintas em culturas e civilizações diversas desde tempos imemoriais, morrendo e renascendo das cinzas na convulsão dos tempos.
Como Forças Primordiais a potência dos Maiorais permanece atemporal, muito embora as máscaras com as quais eles se apresentaram no passado possam ter entrado no esquecimento da humanidade. Forças Primordiais são àquelas que testemunharam a vida na terra, contribuindo diretamente para sua manifestação/manutenção. O Sol e a Lua são Forças Primordiais representadas de maneiras distintas, máscaras diversas em culturas e civilizações antigas. Na Quimbanda essas Forças Primordiais se apresentam como Beelzebuth (o Sol) e Ashtaroth (a Lua). Essas Forças Primordiais gravitam ao redor de um eixo, um archote luciférico e princípio de individuação chamado de Lúcifer. Todas essas forças hieráticas foram agregadas em um único glifo, a imagem de Baphomet, iconografia clássica do Chefe Império Maioral, o Diabo.
O símbolo mais importante da Quimbanda, portanto,
é a imagem de Maioral como Baphomet imortalizada pelo Ocultista francês Eliphas
Levi. Um símbolo trata-se de uma estrutura que nos capacita interpretar a
realidade e que revela um significado, não necessariamente oculto, mas que as
palavras podem não conseguir exprimir. Baphomet é um símbolo para o arcano da
magia, e isso diz muito sobre sua presença na Quimbanda. A especulação trivial
é que a Quimbanda assumiu o símbolo de Baphomet como o Diabo na intenção de se
opor ao regime catequético cristão. Assim, assumindo o Diabo como simbólica do
culto, infere-se que se trata de uma prática de oposição e transgressão ao
status quo religioso dominante na cultura. Neste caso, a moral e piedade
católica. Essa argumentação preenche as premissas sociológicas acerca da
Quimbanda, dando sentido a elas, de fato. Mas é uma interpretação acadêmica e
visão fora lócus do culto. Maioral como símbolo na Quimbanda está associado à
prática e ao domínio da magia, a realização taumatúrgica da vontade ou
intento-mágico na Natureza, porque é isso que se quer na Quimbanda,
efetivamente. Por isso ele é o símbolo maior da Quimbanda; por isso Maioral é o
deus da Quimbanda e regente da Matéria, mas não o Deus do cosmos inteiro. Ele
representa a regência mágica dos poderes sub-lunares aos quais o kimbanda
tem acesso e manipula. Sua significação real é mágica, não sociológica.
A nigromancia
é uma palavra que deriva de necromancia e se refere a uma arte de
magia negra ou magia diabólica para fins de malefícios e questões diversas da vida secular. A Quimbanda
é a única tradição genuinamente brasileira de nigromancia. Trata-se de
uma Arte Mágica para fins diversos por meio da agência de espíritos dos
mortos e demônios (espíritos ctônicos, telúricos e aéreos sub-lunares), desconexos
de qualquer tipo de inclinação moralista. O moyo, o àṣẹ, a força
mágica da Quimbanda, não depende de qualquer postulado moral para operar.
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A INICIAÇÃO NA QUIMBANDA
Caso você deseje ser admitido na Quimbanda, a primeira coisa que deve saber é isso: não somos nós que escolhemos a Quimbanda, é a Quimbanda que nos escolhe. Assim como a Natureza seleciona os mais fortes e os mais aptos, de igual modo a Quimbanda irá selecionar os mais fortes e os mais aptos. A admissão ao culto, o desenvolvimento nele, depende exclusivamente de nossa capacidade, esforço, honra e merecimento. Nada na Quimbanda é dado de graça: instruções, fundamentações, acompanhamento etc., todo àṣẹ tem seu valor agregado e isso precisa ficar claro a qualquer um que deseje adentrar ao culto.
A Quimbanda se trata de um culto para homens! Pessoas adultas que têm responsabilidade sobre seus atos e são capazes de dar conta de suas escolhas: força, honra, coragem e sabedoria são virtudes requisitadas desde o início; por esse motivo a Quimbanda é o fim do caminho, não o início. Tradições como o Candomblé e a Umbanda vão se dedicar a construção de um caráter, como uma criança que precisa de educação para compreender o mundo. A Quimbanda não provê essa educação! Você precisa chegar educado na Quimbanda. Caso contrário, você não passará do primeiro estágio hierárquico, o Batismo. Exu nos mostra verdadeiramente para nós mesmos e para o mundo. Se você chega na Quimbanda desconhecendo suas mazelas interiores, Exu lhe mostrará como um espelho, e a visão será dolorosa. Caráter, lealdade, dignidade e comprometimento são exigidos desde o primeiro dia, porque só os mais fortes sobrevivem a Quimbanda. Os fracos se tornam comida, se tornam caça ao invés de caçadores.
Para saber se você será ou não iniciado na Quimbanda, tudo depende de uma consulta oracular. Veja aqui como fazer essa consulta.
Envie uma mensagem de áudio no WhatsApp se apresentando. Forneça informações sobre sua busca e jornada espiritual; porque deseja adentrar a Quimbanda; e porque busca iniciação em nossa família, e se está familiarizado com nossa literatura. O número de WhatsApp é: 24 9 9932 0636.
Agende sua consulta conforme as instruções do
Oráculo de Exu. A Consulta indicará se você tem ou não caminhos na Quimbanda e
confirmará quem são seus tutores espirituais.
