Por Táta Nganga Kamuxinzela
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Inúmeros umbandistas, pais de santo da Umbanda, têm buscado pela iniciação na Quimbanda Nàgô. Ao chegarem, é quase que universal a descrição do processo pelo qual estão passando: um chamado da Quimbanda! Esse chamado é em verdade um impulso de reconexão com os primórdios da Umbanda onde – e muito distante do mito de Zélio de Morais e a fundação da Umbanda – Quimbanda não era apenas instrumento de demanda, mas a escora energética do terreiro umbandista. Táta Malembu diz:
«Os espíritos que trabalham dentro da Umbanda
recebem sacrifício; essa prática se perdeu no tempo, mas antes do
embranquecimento da Umbanda sempre foi assim. Preto-Velho, Caboclo, Marinheiro e
boiadeiro sempre tiveram sacrifício e assentamento. Em busca de um resgate a
Umbanda se unir a Quimbanda não terá prejuízo algum. Na verdade ocorrerá um
enriquecimento mágico. Foram os movimentos modernos de Quimbanda se
proliferando pela internet que enunciaram essa ideia de que a Quimbanda é
separada ou se opõe a Umbanda. Só que esses enunciados modernos nunca
refletiram de fato a realidade do culto, que já era bem mais antigo e com
raízes em um tempo que nem se imaginava ter internet. A Quimbanda Nàgô está
proliferada em várias tradições: Jurema, Tambor de Mina, Candomblé e muitas
outras, onde há um encontro entre tradições que se enriquecem. Antigos
terreiros de Umbanda tinham seus quartos de Exu com assentamentos e realizavam
sacrifícios.»
Há muito tempo os kimbandas estão inseridos em muitos terreiros se vitalizando com o moyo que os diversos cultos de matriz africana e europeia têm a oferecer. Assim como Exu, os kimbandas também vão a todos os lugares.
Quando Umbanda e Quimbanda estão operando em harmonia no terreiro não existe submissão de forças: os espíritos se respeitam; quando um umbandista torna-se um kimbanda ele leva para a Umbanda as armas da Quimbanda. Se hoje existem terreiros de Umbanda que não têm Quimbanda, não é porque isso nunca existiu dentro da Umbanda, mas porque essa «conjunção alquímica» foi perdida. E uma vez que o umbandista recebe o brajá imperial da Quimbanda Nàgô ele não o tira nos seus ritos de Umbanda. Ele é um kimbanda, onde quer que vá, na «esquerda» ou na «direita». Ao levar aos arcanos da Quimbanda para revitalizar a Umbanda, restaura-se a Macumba.