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QUIMBANDA É GUERRA


@tatakamuxinzela 

Quando nós dizemos que a Quimbanda é guerra, estamos sugerindo uma fórmula mágica, não um evento ou fenômeno. O desentendimento vem da compreensão profana e contemporânea, vamos dizer até ilusória, da guerra: ódio e ira. Quem escuta que a Quimbanda é guerra, se horroriza ou pensa em feiticeiros lutando por território em contendas mágicas. Miragem! Heráclito de Éfeso tem uma frase que transmite a ideia: polemos pater pantom, i.e. a guerra é o pai de todos. Guerra é o estado natural do Cosmos; a Natureza está o tempo todo em batalha na intenção de selecionar os mais fortes. E a primeira guerra que todos nós travamos é a do nascimento neste mundo. 

O homem do Mundo Antigo, o hermetista da tradição derivada do Corpus Hermeticum, o iniciado ou homem noético, o hierofante dos mistérios, o mistagogo, detinha uma compreensão iniciática da guerra: ele a compreendia como um aspecto inseparável do sagrado, da ordem do Cosmos. Acaso Marte/Ares/Ògún reina como um deus à toa? Não, foi ele quem ensinou, i.e. transmitiu seu àṣẹ vivificador, aos homens, dotando-lhes com a ciência da arte da guerra como ferramenta de sobrevivência e superação da selvageria da Natureza. A guerra para um kimbanda assim como para os hierofantes da Antiguidade, trata-se de uma ferramenta para o equilíbrio das forças dentro da ordem do Cosmos, uma ferramenta para o equilíbrio dos opostos, como se diz. 

Essa ferramenta ou fórmula mágica está impressa na imagem teriomorfa de Baphomet, a representação iconográfica do Chefe Império Maioral, o Diabo, assim como no seu Brasão Imperial, sua representação simbólica: é o próprio Solve et Coagula que norteia o culto da Quimbanda. A guerra é uma ferramenta de compensação/equilíbrio das correntes de força ódica dentro do corpo de Maioral, que é a Alma do Mundo. Essas correntes de força ódica são manipuláveis por agentes mágicos universais, os Espíritos Ganga da Quimbanda. A guerra é, portanto, uma ferramenta natural da mutabilidade, i.e. da mudança (dissolução e coagulação) do Cosmos.

Táta Nganga Kamuxinzela

  




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