A Quimbanda Nàgô, como demonstra Táta Kilumbu nesse
ensaio, trata-se do fruto mais bem sucedido da antiga Macumba carioca, porque
preservou e aperfeiçoou com originalidade toda sua estrutura, ritos, símbolos e
divindades cultuadas. Interessante notar que o autor destaca o Chefe das
Macumbas, o feiticeiro Juca Rosa que operava no fim do período Imperial, como o
exemplo genuíno de um Táta Nganga da Quimbanda Nàgô, o feiticeiro par
excellence da Linha de Ganga. Outro ponto interessante é a menção que faz sobre
a incursão diabólica que houve na Macumba a partir da tradição cipriânica
ibérica transmitida pelo O Livro de São Cipriano. Eu tratei de ambos os temas
no segundo volume do Daemonium.
A espinha dorsal deste ensaio é o esclarecimento acerca
das raízes ancestrais da Quimbanda Nàgô, em detrimento da negação de alguns
puristas africanistas, e é claro, de suas alegações acerca da incompatibilidade
banto-nàgô no culto. A argumentação deles é tão pueril que Táta Kilumbu
demonstra sem esforços, por seu vasto conhecimento e propriedade magística sobre
o culto, a profunda miscigenação que ouve entre a ancestralidade e
espiritualidade das culturas banto e yorùbá no fim do Séc. XIX, quando nascem
as diversas macumbas.
O autor faz um esclarecimento pontual sobre as três ondas
de manifestação das vertentes de Quimbanda. Isso é importante porque provê ao
leitor uma linha temporal segura através da qual ele estará capacitado a
compreender a cronologia dos eventos que deram nascimento as diversas vertentes
de Quimbanda, bem como o contexto cultural e religioso que compõem o imaginário
simbólico dessas vertentes.