No ensaio anterior, Táta Kilumbu tratou da natureza ctoniana e do simbolismo catabático que envolve a iniciação na corrente mágica da Quimbanda: uma imersão nos reinos infernais do Chefe Império Maioral, o Diabo. Sendo o sacerdote oficiante do rito, i.e. o Mestre de Quimbanda, o indivíduo que conduzirá o novo adepto até os portões do Inferno, de onde ele seguirá com seu Exu tutelar para as profundezas dos Reinos da Quimbanda, assim como Dante foi conduzido por Virgílio pelas diversas esferas infernais na Divina Comédia.
Dando continuidade ao tema da iniciação na Quimbanda, este ensaio acrescenta novos argumentos acerca da importância dos processos iniciáticos de transmissão da corrente mágica. Esse texto foi produzido a partir de um debate que se levantou no grupo de estudos dos meus assinantes do Instagram acerca da iniciação a distância e da autoiniciação na Quimbanda. Táta Kilumbu e eu propomos esclarecer o momento em que essas duas ideias modernas, contrárias as fórmulas mágicas genuínas e tradicionais de todos os cultos de magia e feitiçaria do passado e do presente, adentraram a Quimbanda.
No ensaio Da Macumba a Quimbanda Nàgô, Táta Kilumbu explica sobre as três ondas de manifestação das vertentes de Quimbanda, sendo as vertentes Xambá e Luciferiana, nascidas na terceira onda a partir da década de 2000, as que começaram a veicular tanto a ideia de iniciação a distância quanto a autoiniciação na Quimbanda. Neste ensaio nós nos opomos veementemente a essas ideias na Quimbanda, e explicamos a necessidade da iniciação conferida por um Mestre presencialmente, quando ocorre de fato a transmissão da corrente mágica, que é conectada diretamente a alma do adepto recém-iniciado.
Táta Nganga Kamuxinzela