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A PARALAXE COGNITIVA


@covadecipriano

A «paralaxe cognitiva» é um conceito filosófico de Olavo de Carvalho. O termo significa um distanciamento entre a construção de uma teoria, ideia ou narrativa, dos fatos da vida real. Quando um branco «africanista» critica o eurocentrismo na Quimbanda, mas deixa fotografar seu Exu – ato que por si já diz muita coisa –, com cartola europeia, entendemos que seu discurso está desassociado dos fatos reais e tangíveis da vida. 

A cultura afro-brasileira é alimentada por raízes europeias. Agredir as raízes europeias na Quimbanda é demonstrar total incompreensão do conceito banto de «moyo», «nguzo»; é demonstrar total ignorância acerca da formação dos cultos bantos no Brasil. Por que a Nação Ketu faz a festa de Ṣàngó em junho? Por causa de São João Batista. Por que a festa de Ògún é em abril? Por causa de São Jorge. Por que o Olubajé é em agosto? Por causa de São Roque. O Sol no Brasão Imperial de Maioral, o Chefe da Quimbanda, está conectado a São Miguel; as espadas ocultas por trás do Brasão Imperial estão conectadas a Ògún. Negar o eurocentrismo na Quimbanda e estampar o Brasão Imperial de Maioral em foto, é demonstração de total cegueira acerca das raízes do culto. É vestir chapéu de burro para o discurso concordar com a narrativa woke. Negar Ògún na Quimbanda é demonstrar total necedade acerca do uso da pimenta, da cachaça, do tabaco, que originalmente são ofertados a Ògún, não a Èṣú na África yorùbá. Aliás, Èṣú tem quizila com muitos tipos de pimenta. Criticar o termo «nàgô» associado a Quimbanda é demonstrar boçal insciência sobre a gênese da Macumba carioca, a mãe da Quimbanda como hoje a praticamos. Na revista Nganga No. 10 você poderá estudar muitos artigos que vão na contra-mão das narrativas woke progressista. 

Nos meus dois livros, Daemonium Vol. 2 e Ganga, eu me esforcei por falar acerca das raízes fundantes da Quimbanda sem nenhum tipo de inclinação ideológica. Quimbanda é o exercício de aperfeiçoamento da arte de fazer magia e, como tal, sempre foi considerada como uma «ferramenta» mágica de trabalho. O capítulo que abre o Ganga é sobre esse tema e chama-se A Morte »do Feiticeiro Branco na Quimbanda, porque quem tem fundamento irrita quem não tem.

 Táta Nganga Kamuxinzela





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