ENTREVISTA VIA ITÁLIA:
Por Táta Nganga
Kamuxinzela
@tatakamuxinzela | @covadecipriano | @quimbandanago
O que segue são as minhas respostas para uma entrevista no YouTube via Itália, canal da La Societa ‘dello Zolfo (@la_societa_dello_zolfo), dia seis de junho de 2024, disponível na íntegra no canal. O objetivo da entrevista foi apresentar a Quimbanda para ocultistas italianos (e europeus de modo geral). Como as perguntas são relevantes também para um público brasileiro, decidi fazer uma versão escrita das respostas, completando a entrevista para o YouTube com detalhes que não me aprofundei ao vivo.
Vou dividir toda a entrevista em postagens
individuais para cada pergunta no blog. O propósito disso é criar postagens com
textos pequenos ao invés de uma postagem apenas com o texto extenso, com mais
de 40 laudas.
8. Uma pessoa pode ter mais de um Exu trabalhando ou ela trabalha apenas com um?
A fórmula mágica do espírito tutelar em sua universalidade implica que o mago tenha um espírito tutelar e, através dele, por meio de seus poderes, acessar uma miríade de espíritos servidores. Em O Testamento de Salomão, o espírito tutelar convocado foi Ornias e através dele, Salomão teve acesso a muitos outros. Nos Papiros Mágicos Gregos o feiticeiro através do paredros, o espírito tutelar, acessa outros espíritos. Em A Magia Sagrada de Abramelin, o Mago, é o Sagrado Anho Guardião que confere ao mago o poder dobre os espíritos da terra. Não é diferente na Quimbanda: por meio do Exu tutelar, o kimbanda tem acesso a uma legião de Gangas.
O kimbanda, portanto, começa com um Exu, o tutelar e, a partir dele, acessa outros Gangas. Isso possui mecânicas muito técnicas dentro da Quimbanda, envolvendo os Exus de coroa, os Exus de legião, e as suas respectivas moradas de poder. O oráculo da Quimbanda Nàgô, a Cabalá de Exu, recebido no sacerdócio, dá acesso a todos os Gangas dos Reinos da Quimbanda.
A Quimbanda Mussurumin, por meio de uma linha de trabalho conhecida como Cabalá Francesa ou Cabalá Europeia, possui uma tecnologia oracular chamada de Alàgbà de Exu, onde o kimbanda tem acesso não só aos Gangas dos Reinos da Quimbanda, mas a qualquer espírito de qualquer sistema ou grimório de magia. No terceiro volume do Daemonium menciono:
A
Cabalá Francesa na Quimbanda Mussurumin consiste no trabalho
prático com a magia cerimonial em seus diversos sistemas, antigos ou modernos,
derivados dos grimórios ou de escolas de iniciação, adaptados ao sistema
prático de macumba da Quimbanda, a gosto do operador. Esse é um trabalho
particular da Quimbanda Mussurumin, que diferente das vertentes
tradicionais Nàgô e Malê, não sincretiza demônios diretamente com
os Exus. Todo o trabalho com esses demônios e outros espíritos (anjos
cabalísticos ou enoquianos, espíritos olímpicos, genii-loci encantados
ou mortos diversos etc.), no contexto da magia cerimonial europeia de modo
geral, é executado a parte, fora dos rituais tradicionais de atuação dos Exus e
Pombagiras (giras, toques e orôs). Para tal fim são
construídos dois templos ou duas áreas ritualísticas distintas dentro de um
mesmo templo, uma destinada aos rituais tradicionais da Quimbanda, outra para
realização das cerimônias de Cabalá Francesa.