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O SENHOR DA CAPA PRETA

 

Por Táta Nganga Kilumbu

@quimbandamarabo | @tatakilumbu 

Estamos no «tempo do apuro»! 

Africanistas têm forçado a barra ideologicamente para tornar senso comum a ideia de que a Quimbanda trata-se de um culto peculiarmente afro-ameríndio, em detrimento de sua herança europeia, de sua ancestralidade ibérica (portuguesa/espanhola) na formatação do culto dos nossos mestres Exus e Pombagiras. Existem até aqueles que vão alegar a presença na Quimbanda dessa ancestralidade, mas por «pequena parcela». E isso não é verdade, e sim uma mentira que ultraja o bom senso, o verdadeiro conhecimento histórico em favor de uma «estória» da carochinha, uma «história idealizada». Mas nosso compromisso é com o genuíno espírito da Macumba carioca, genitora da Quimbanda. 

O título desse texto já deixa claro a presença de elementos da cultura europeia dentro da Quimbanda: a icônica capa preta dos lordes ingleses, comuns no Velho Mundo, como símbolo de status elevado na aristocracia da sociedade. A presença das cartolas e das bengalas, típicas da moda masculina do período Vitoriano (Sec. XIX), só demonstra que essa ancestralidade que chamamos de Exu é tão brasileira como nós mesmos o somos: um povo plural, oriundo a fusão de africanos, nativos americanos e europeus. 

O discurso ideológico de que a Quimbanda é «somente» afro-ameríndia é derrotado quando lembramos que os ciganos, os marginalizados, as mulheres acusadas de serem bruxas, e toda uma casta de rejeitados em Portugal também foram enviados à estas terras, e que consigo trouxerem inclusive Maria de Padilla, que se eternizou na Legião de Pombagira Maria Padilha. Este apontamento é importante: as roupas de Pombagira também, observem, lembram exatamente a moda feminina do mesmo período da «Belle Époque» no fim do Séc. XIX, acrescido do tabaco indígena, do torso africano, etc. Os espíritos de Exu e Pombagira têm suas origens as mesmas que as nossas: africanos, indígenas e europeus. Isso é só um detalhe para mostrar o quanto temos de Europa em nosso culto, mesmo que não aceitem. E os africanistas militantes não precisam aceitar, porque já está lá, e não vão conseguir apagar. 

Domínio do Exu Marabô e Maria Padilha




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